O mioma uterino é um tipo de tumor benigno e representa quase 95% desses tumores que afetam os órgãos reprodutores femininos. Podem ter diferentes localizações e tamanhos e justamente por isso têm sintomas variados. Cerca de 35% de todas as mulheres em idade reprodutiva possuem ou vão possuir algum mioma no útero.
Quais as causas dos miomas uterinos?
Sabemos que o mioma uterino é um tumor que depende de hormônios para sobreviver e é bastante influenciado pela genética. Isso significa que se uma mulher possui mioma, suas familiares em idade reprodutiva têm maior chance de apresentar os mesmos tumores.
Outros fatores como início das menstruações muito precocemente e mulheres de cor de pele preta também facilitam o aparecimento de mioma uterino. A obesidade, também por alterações hormonais, pode aumentar a chance do aparecimento de miomas em até 20%
Por outro lado, anticoncepcionais orais combinados e múltiplas gestações parecem ser fatores que protegem a mulher contra o aparecimento desses tumores.

Quais os tipos de miomas?
Há alguns tipos de classificações dos miomas e a mais importante delas se refere à camada do útero que o mioma está inserido, pois é isso que influencia diretamente no aparecimento de sintomas.
A imagem abaixo mostra os miomas e as camadas do útero.

- Subseroso: a camada mais externa do útero é chamada de serosa e quando mais da metade do mioma é voltado para essa camada, ele recebe essa denominação. Se não forem muito volumosos, quase não causam sintomas.
- Intramural: esses miomas têm mais de 50% de seu volume na camada do meio do útero, dentro do músculo propriamente dito. Podem crescer mais à camada interna ou externa do útero e aí serem reclassificados. Podem causar cólicas e alguns sangramentos uterinos.
- Submucoso: esses miomas têm intima relação com o endométrio, ou seja, a camada do útero que causa sangramento e por isso são os mais sintomáticos.
Essa classificação permitiu à Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) desenvolver uma escala numérica de 0 a 7. Quanto mais próximo de 0, mais o mioma uterino está localizado na camada interna do útero. Já os números próximos de 7 indicam que o mioma está mais na parte externa. Os miomas classificados como tipo 8 estão situados no colo do útero.
Há outras formas de classificar os miomas, como por exemplo em relação a por do útero que estão inseridos. Podem estar no corpo do útero – quase 100% dos miomas estão aqui –, podem também estar no colo uterino ou na transição entre eles. Além disso temos os casos raros daquilo que chamados de ‘mioma parido’, quando esse tumor cresce em direção à vagina e algumas vezes até à vulva da mulher.
Como eu suspeito e como posso descobrir se tenho mioma?
Menos da metade dos casos de mioma uterino vão gerar algum tipo de sintoma. Quando eles estão presentes geralmente são:
- Sangramento vaginal anormal: é o sintoma mais comum, especialmente dos miomas intramurais e submucosos.
- Dor pélvica e na menstruação: são sintomas mais raros e inespecíficos, causado geralmente por miomas mais volumosos.
- Compressão de órgãos ao redor: isso acontece quando o mioma é volumoso, fazendo com o que o útero como um todo comprima órgãos ao redor, geralmente a bexiga.
Esses sintomas, como mencionado acima, são infrequentes, mas sempre que estão presentes merecem uma investigação pensando em mioma. Durante a consulta, o ginecologista poderá suspeitar desses tumores já durante a história da paciente e o exame físico e ginecológico. Após a suspeita, exames de imagem são solicitados para diagnóstico definitivo.
A ultrassonografia transvaginal é o exame mais acessível e o mais importante quando se pensa em mioma. Ele é capaz de identificar o tumor, dar o seu tamanho e a sua localização. É bastante comum que a paciente realiza esse exame por outro motivo – para localizar um DIU, por exemplo – e descubra o mioma acidentalmente.
Eu devo tirar meu útero sempre que descubro miomas?
A resposta é não. A retirada do útero é apenas uma das inúmeras modalidades possíveis de tratamento de mioma.
Quando esse tumor não causa nenhum sintoma, nada precisa ser feito. Acompanhar com ultrassonografia para observar possível crescimento rápido do mioma parece ser a melhor conduta. Se causar poucos sintomas, temos que avaliar o impacto no cotidiano da mulher. Se pouco impacto, nenhum tratamento é exigido.
Se o mioma gera sintomas importantes, algo deverá ser feito para melhorar a qualidade de vida da paciente. Nesses casos o tratamento poderá ser feito com abordagem cirúrgica ou com medicamentos.
Se o objetivo é diminuir o mioma ou a paciente não pode operar – ou não quer –, iniciar medicações é a melhor saída. Os bloqueadores de ciclo (análogos ao GnRH) são os mais efetivos. Como o mioma é nutrido pelos hormônios, se bloquearmos a produção desses hormônios, a tendência é que os miomas regridem de tamanho e de sintomas.
Quando o objetivo é unicamente diminuir ou estancar o sangramento que vem dos miomas, os anticoncepcionais orais são uma ótima opção. Eles atuam diretamente no endométrio – a camada mais interna do útero, sendo geralmente efetivos para essa queixa.
Quando é de desejo da paciente ou houve falha no tratamento medicamentoso, a cirurgia é uma opção. Ela pode ser conservadora ou definitiva.
Existe a opção de miomectomia, ou seja, retirada dos miomas, preservando o útero. Ela é indicada em pacientes jovens, que ainda mantenham desejo de gestar ou que, por qualquer outro motivo, desejam manter o útero. É importante que as mulheres submetidas a essa cirurgia saibam que é possível que os miomas retornem e exijam novo tratamento cirúrgico.
Outro ponto importante a se destacar é que, a depender do número de miomas, é possível que a cirurgia inicialmente programada como miomectomia tenha que ser convertida para a cirurgia definitiva, ou seja, a retirada do útero. Isso pode acontecer por excesso de sangramento ou por restar quantidade ínfima de tecido saudável do útero após a retirada dos miomas.
A retirada do útero, então, é a única medida que garante tratamento permanente para mioma uterino. Se a mulher não tem mais desejo de gestar e apresenta mioma sintomático com falha do tratamento medicamentoso, essa modalidade é a mais indicada. Cabe ressaltar que essa cirurgia não afeta a parte hormonal da mulher, não adianta ou atrasa a menopausa e não exige terapia de reposição hormonal.

E na gravidez, como se comporta o mioma?
É importante dizer que em até 5% dos casos de infertilidade ou de abortamentos de repetição, os miomas uterinos podem ser a causa. Todavia, nas gestações que se seguem, pode ocorrer crescimento desse mioma embora essa não seja uma regra.
Nenhum tratamento – cirúrgico ou medicamentoso – deve ser empregado ao mioma durante a gestação e a retirada desses tumores na cesariana só está indicada em casos de miomas suberosos e pediculados, com diminuta chance de sangramento durante o procedimento.
Em algumas raras vezes, o mioma pode degenerar, ou seja, começar a necrosar geralmente iniciando no seu interior, muitas vezes devido ao rápido crescimento. Nesses casos, caso não haja melhora dos sintomas com medicações, o tratamento cirúrgico está indicado.

Por fim, mioma pode virar câncer?
Via de regra, miomas são tumores benignos e que não se transformam em câncer. No entanto, existe um subtipo desses tumores – denominados miomas atípicos – que em 0,5 a 1% dos casos podem evoluir para câncer. Essa modalidade de tumor é identificável em exame de imagem e logo na suspeita já é indicado tratamento cirúrgico.
Mesmo diante dessa informação, cabe ressaltar que não é necessária preocupação em relação ao câncer quando se fala em miomas. É muito rara essa associação e, portanto, clinicamente desprezível. O mioma irá incomodar caso apresente sintomas, somente isso.
O Dr. Guilherme Rossi trata os miomas uterinos?
Sim, o Dr. Guilherme tem por maior paixão as patologias cirúrgicas dentro da ginecologia. Isso não significa que toda paciente com mioma será realizada cirurgia, porém já sabemos que é uma possibilidade e o Dr Guilherme tem a habilidade técnica necessário para resolver o problema.
Agende uma consulta, tire todas as suas dúvidas e se livre de qualquer preocupação sobre o tema.

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